Páginas

terça-feira, 30 de abril de 2013

OS CLÁSSICOS MORTOS DO PARANÁ




OS CLÁSSICOS MORTOS DO PARANÁ
Depois do sexo o maior prazer de um homem é o gol do seu time do coração. E com o império dos clubes chamados grandes, principalmente os que fecham o núcleo Rio – São Paulo, o prazer dos torcedores dos clubes do interior do Paraná tem sofrido de uma atrofia que nem o mais poderoso estimulante pode dar jeito. Cada vez mais ao perambular pelas ruas de Maringá é constante o aumento do número de torcedores vestindo camisas migradas dos estados do Rio e de São Paulo.
Há muitos anos as cidades de porte médio do Paraná estão propícias a serem adotadas por cores de outras agremiações que não sejam as de seu estado de nascença. E, claro, este texto não pretende estimular uma espécie de separatismo, ou mesmo uma virulenta defesa das tradições paranaenses, querendo nos isolar do restante do país numa espécie de “Europeização” no âmbito geográfico-futebolístico, óbvio que não, mas sim, de constatar que no mundo do futebol paranaense, excluindo a capital Curitiba, o restante dos clubes do Paraná vem sofrendo da síndrome de Gasparzinho, ou seja, meros fantasmas nas parcas lembranças de seus raros torcedores.
Podemos elencar como exemplo dessa transformação, ou melhor, destruição, o desaparecimento de clássicos entre clubes paranaenses que, ou não existem mais, ou que estão atravessando uma pindaíba que os embalsamaram na bacia das almas esquecidas.
O Clássico Algodão Doce: União Bandeirante x Matsubara é um exemplo contundente dessa morte súbita do clube “pequeno” que está praticamente escasso do mapa do Paraná. A rivalidade da cidade da cana-de-açúcar (Bandeirantes) contra a do algodão (Cambará) está respaldada apenas aos vídeos que, por meio do youtube, seus renegados torcedores podem matar a saudade.
O Clássico da Soja: Toledo x Cascavel, também se esmiuçou feito flor em sol de sertão. Apesar da cidade de Toledo ainda ter um representante no primeiro escalão do futebol do Paraná, mudando sua cor vermelha para o azul do Toledo Work, a cidade rival, Cascavel, já não teve a mesma “sorte”, já que a equipe da Serpente foi rebaixada para a 3° divisão no ano de 2012.
O Clássico do Café: Grêmio x Londrina é para o narrador desta resenha o calcanhar de Aquiles e a ferida mais pungente a ser curada, porque o sentimento de orfandade da importância desse jogo de futebol tanto para Maringá quanto para Londrina, e, claro, para ambas as regiões, fomenta não só um saudosismo que chega a ser sinestésico, mas também, fomenta o questionamento de como será o futuro dessa importante batalha que vem dos tempos áureos do ouro verde, das lavouras carregadas de café que fizeram de Londrina e Maringá os importantes polos, que, hoje, essas cidades são. A equipe do Tubarão leva uma ligeira vantagem sobre o Grêmio Maringá, ao conseguir o retorno à série principal do campeonato paranaense depois de penar na segundona. O time do Galo ainda amarga uma purgação na divisão de acesso, e, quiçá, em 2013 consiga uma das vagas para a elite do futebol paranaense.
Não é de se estranhar que a preocupação com o incentivo ao torcedor para ser fiel ao seu time do estado de origem tenha chegado à Londrina. Por esses dias, via internet deparei-me com uma faixa fixada em algum ponto da cidade com a seguinte frase: “Torça pelo time da sua cidade”. Xeque. Concordo com o “inimigo”. É necessário acalantar os rebentos de sua cercania e empunhar as cores tão antes amadas ao extremo. E para tanto, acho, a torcida do Tubarão, como eu, preocupa-se em não deixar morrer a paixão e o gosto de acompanhar futebol não só por meio das telas planas, seja em casa ou em botecos regados à uma boa cerveja gelada e um torresminho, mas sim, ir ao estádio, mexer com todos os sentidos e sentimentos que fervilham sob a derme apaixonada de torcedores presentes. Eu não cansarei de repetir, depois do sexo o maior prazer de um homem é o gol do seu time do coração.